"Memórias do Amparo", por Adriano Pereira


"Eu me lembro de tudo 
A festa iniciava em outubro
O cortejo branco
O povo santo
Cheiro de alfazema...
Principiava a novena.
Doce o algodão
Desfazia-se na mão
Confete, maçã do amor
Pipoca do vovô
Mão de figa brilhante
Perdia-se na roda gigante...
O marco era a velha castanheira
Abaixo descia a ladeira
O camelô, a feira
Era a festa da padroeira
Da Vila Valença do Amparo
Senhora mãe dos operários.
No repicar dos sinos
Na ladainha, no terço, nos hinos
No pipocar do foguete
Na cana de rolete
No descalçado pé
A manifestação da fé.
Ajoelho-me no altar
A vela acesa, fecho o olhar
Rezo pro tempo não apagar
Rogo a graça de voltar
Pros doces dias de novembro
De quando mais me lembro
Daquela linda festança
Do tempo em que eu era criança." 

(Autor: Adriano Pereira - Ano 2015 - Podcast Feira dos Novos Autores Baianos/2021, Spotfy)